Liz Meyers, M.Ed. , educadora certificada em vida em família, especialista certificada em intervenção do desenvolvimento infantil
Eu ensino como criar filhos, ou seja, como ser pais. Muitos perguntam se “ser pais não é um processo natural”? A maioria das pessoas aprende a ser pais através de seus próprios pais. Mas o que acontece se o que aprenderam é exatamente o que não se deve fazer? Saber o que não se deve fazer não significa que você sabe o que funciona. Educar-se é um sinal de força, seja
aprender sobre saúde e nutrição, como arrumar alguma coisa em sua casa ou como ser melhores pais. Todos os pais podem aprender algo para ajudar a melhorar suas habilidades. Buscar informações sobre como se tornar um pai melhor e uma mãe melhor é louvável.
A maioria das pessoas cria os filhos usando uma combinação de instintos, experiência e pura sorte. Mas criar os filhos de uma maneira positiva é muito mais do que isso.
Após participar de uma aula sobre como criar filhos, os pais se surpreendem de que algumas das coisas que fizeram (ou não fizeram) são conceitos que foram pesquisados, experimentados e analisados por muitos nas áreas de relações de família, de educação de filhos, psicologia e saúde pública. Então, exatamente o que nós ensinamos?
Ensinamos o desenvolvimento infantil típico, inclusive as fases características vividas pelas crianças e quais comportamentos esperar em cada fase desde o nascimento até a adolescência e a idade adulta. Com essas novas informações,os pais podem reavaliar porque o filho está agindo de determinada maneira e começar a encontrar soluções úteis para o problema em questão, ao invés de tomar decisões disciplinares potencialmente prejudiciais.
Por exemplo, se você não sabe que é esperado que uma criança de dois anos diga “não”, você pode pensar que seu filho está sendo desrespeitoso, horrivelmente teimoso e que precisa ser disciplinado. Ao entender que nesta idade a criança está começando a se conscientizar de que é um ser separado de você (isto é, está desenvolvendo autonomia) e que está no longo caminho em direção a tornar-se uma pessoa independente, talvez você veja as coisas de uma maneira diferente. (Stages of Psychosocial Development Stage 2 - Will: Autonomy vs. Shame and Doubt de Erik Erikson) (Fases do desenvolvimento psicossocial Fase 2 – Vontade: autonomia versus vergonha e dúvida)
Se você tem um filho de 2 ½ anos que não quer usar o penico, e está preocupado que ele nunca vai aprender a usar o banheiro, que você está gastando uma fortuna em fraldas e que não vai conseguir matriculá-lo na préescola escolhida porque só aceitam crianças que “foram desfraldadas”; você pode pensar que esse é um ato de provocação e tentar forçar para que a criança aprenda logo. Ao entender que existe um elemento de fisiologia por trás deste treinamento, que a criança tem que realmente ‘sentir a necessidade’, entender o que está acontecendo e então agir de acordo, você será capaz de abordar o problema de uma forma mais produtiva. Se conhecer a pesquisa que comprova que forçar a criança antes de que ela esteja pronta pode criar potenciais problemas, inclusive segurar as necessidades, regredir e fazer xixi na cama, talvez você veja o processo de uma maneira diferente.(Leiberman 1972, Brazelton 1062, Brazelton and Sparrow 2004)
Se tiver um filho em idade escolar que parece não entregar o dever de casa para o professor (e você sabe que ele acabou a lição porque verificou!), você pode pensar que ele está propositadamente ignorando as regras, que é preguiçoso, desorganizado e um caso sem solução. Ao entender que um dos desafios desta fase é ensinar ao seu filho as habilidades de planejamento e organização, e que para a criança esse é frequentemente um processo lento que requer orientação dos pais para o desenvolvimento de uma rotina, o ajudando a organizar as tarefas e o deixando vivenciar as consequências de suas ações; talvez você veja a situação de uma maneira diferente.
Se seu filho adolescente começar a evitá-lo, não quiser ser visto em público com você, ou preferir ficar com os amigos, você pode considerar esse comportamento como mal-educado, desrespeitoso e acreditar que seu filho precise ser disciplinado rápida e severamente para evitar que escolha o caminho errado. Ao entender que na adolescência a criança precisa se separar de você (engraçado – parece muito parecido a uma criança de dois anos!) e que é normal e necessário que os adolescentes tenham privacidade e espaço para serem independentes dos pais, e que precisem rejeitar algumas das coisas que você defende ou acredita para testar o que eles acreditam; talvez você veja a situação de uma maneira diferente. (Jane Nelson, Ed. D e Lynn Lott, março de 2007)
Criar os filhos de forma criteriosa e positiva proporciona um ambiente ideal para o desenvolvimento de crianças mais felizes e mais saudáveis.Os pais que buscam se informar ficam geralmente agradavelmente surpreendidos ao ver o quanto aprendem e como seu trabalho ficou mais fácil agora que entendem os princípios do desenvolvimento infantil,as razões de cada comportamento e as ferramentas para se comunicar mais efetivamente.A mudança de nossas percepções e o maior entendimento da criança alterarão nossas reações ao se comportamento, as quais, por sua vez, alterarão os comportamentos da criança. Criar filhos é uma jornada empolgante (e às vezes assustadora); contar com a ciência como um apoio para o que fazemos instintivamente há séculos oferece aos pais amparo e segurança por sabermos que há intenção e objetivo no que estamos fazendo.
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