Knellee Bisram, instrutora de atenção plena credenciada e fundadora da AHAM Education Inc.
A tendência crescente de educar a “criança total” existe nos Estados Unidos e em todo o mundo. A evidência esmagadora provando os benefícios dos programas de aprendizagem social e emocional colaborou para a maior aceitação de investir em seminários de desenvolvimento profissional, após o horário escolar e na escola se concentrando em educar o coração e a mente como base para a saúde social, mental e emocional.
De acordo com a Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning ((CASEL) - Colaboração para a Aprendizagem Acadêmica, Social e Emocional), a Social and Emotional Learning ((SEL) – Aprendizagem Social e Emocional) abrange uma variedade de práticas, estratégias e ferramentas que capacitam indivíduos a fortalecer o autoconhecimento, a autogestão, a conscientização social, as habilidades de relacionamentos e a tomada de decisão responsável. Os programas da SEL tendem a incorporar a atenção plena, a inteligência emocional e outras habilidades sociais e mentais, que apesar de diferentes podem se complementar, a Positive Behavioral Intervention and Supports ((PBIS) – Intervenção Comportamental Positiva e Ajudas).
Como parte da Iniciativa Distrital Colaborativa da CASEL, oito dos maiores e mais diversos distritos escolares dos EUA assumiram um papel de liderança em implementar programas de SEL sólidos baseados em evidência para promover um maior progresso acadêmico, aperfeiçoar habilidades sociais e emocionais, aprimorar atitudes sobre si mesmo, os outros e a escola, inspirar comportamentos positivos na sala de aula, reduzir o risco de fracasso, diminuir a incidência de problemas de conduta e reduzir o sofrimento emocional. O condado de Miami-Dade apoiou recentemente uma iniciativa piloto contínua para oferecer treinamento de redução de estresse baseado em atenção plena para todos os professores das escolas públicas do condado.
Apesar da clara evidência neurológica, cognitiva e comportamental demonstrando a necessidade de crianças e jovens aprenderem habilidades do coração e da mente juntamente com o ‘abc’, continua a ser um desafio integrar totalmente a SEL em todo o distrito e toda a escola. Parte do problema é que a SEL tende a ser estruturada apenas como um tópico de saúde mental que é relegado ao status de segunda categoria em comparação às habilidades acadêmicas.
Cabe a nós que somos pais, educadores, líderes comunitários envolvidos com a SEL provar a conclusão econômica óbvia, mas frequentemente esquecida por administradores escolares e autoridades governamentais locais. A longo prazo, a SEL impacta positivamente o desempenho e a capacidade humana, um ingrediente importante para a produtividade e o trabalho, e, consequentemente, o crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB).
É só olhar para grandes empresas como a Google, SAP, AIG, JPMorgan Chase e nosso próprio Miami Heat, que estão investindo no programa interno Liderança Baseada na Inteligência Emocional e na Atenção Plena e em outros programas similares para funcionários porque veem claramente que traz de volta um “bom dinheiro”. Líderes empresariais já sabem – estabilidade mental e emocional é talvez o fator mais importante para o máximo desempenho e sucesso. É por esta mesma razão que o governo de Butão posicionou a felicidade humana no centro da medida de crescimento econômico ao substituir o Produto Interno Bruto (PIB) pela Felicidade Interna Bruta (FIB) como o principal indicador de bem-estar social e econômico do país!
Se estamos verdadeiramente preparando nossos jovens para serem colaboradores produtivos na economia, a SEL deveria ser fundamental para nossa estratégia educacional, não meramente um suplemento do aprendizado acadêmico. As instituições de ensino do jardim da infância à 12ª série podem fazer esta mudança de maneira independente e progressiva dentro das restrições de recursos. Abaixo algumas sugestões:
- Investir em pessoal/professores – oferecer-lhes um treinamento em SEL adequado e profundo para que estejam equipados para incorporar e modelar a presença atenta e o Q.I. emocional na sala de aula e fora dela.
- Elevar a SEL como parte da cultura escolar – fazer uma pausa para 3 respirações silenciosas (todos os integrantes da escola juntos) no começo e no final do dia, e entre os períodos das aulas no sistema de anúncios da escola, incluir módulos de SEL no currículo (Educação Física, Estudos Sociais, Saúde, Biologia, Ciências Ambientais); recompensar atos de bondade, substituir sessões de detenção com sessões de reflexão e contemplação, treinar alunos para serem facilitadores de atenção plena/ioga para pares em um clube depois do horário das aulas
- Criar um ambiente de SEL – dedicar uma sala ou espaço silencioso onde professores e alunos possam voluntariamente ter um “tempo para si próprio” usando a meditação ou outra prática de conscientização/reflexão de sua preferência
- Dar prioridade ao movimento – a atividade física promove o desenvolvimento acadêmico, social e emocional saudável. Integrar um intervalo de manhã e à tarde, ou dedicar uma parte do horário de almoço para uma atividade não estruturada para permitir que alunos (e professores) relaxem, ter um dia de esportes a cada trimestre, oferecer aulas de ioga e de Tai chi
- Envolver os pais – oferecer seminários sobre como ser pais atentos ou oferecer recursos online e comunitários para que os pais cultivem a SEL em casa e reforcem as iniciativas da escola
- Medir impacto estrategicamente – usar instrumentos de SEL baseados em evidência para documentar mudanças em desempenho, comportamento e saúde como prova para pedidos de fundos e aceitação das partes interessadas.
Knellee Bisram é consultora, instrutora credenciada de atenção plena e fundadora da AHAM Education Inc., uma iniciativa de investimento social capacitando 1 milhão de pessoas carentes nas Américas com ferramentas de atenção plena e resiliência emocional baseadas em evidência até 2025. Para mais detalhes acesse www. ahameducation.org.